quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Olá, meu nome é Larissa Alves Ribeiro, tenho 14 anos. Lhes contarei um sonho.. o mais lindo deles. Que infelizmente se tornou um pesadelo, o mais terrivel. Gabriela Miguel Carreira. Esse é o meu sonho, lindo lindo. Branquinha, dos olhos azuis tão azuis quanto céu, com os cabelos negros, que por sinal combinam muito com ela. Baixinha e  gordinha. Dona do sorriso mais lindo de todos. Tudo começou com uma simples conversa. A elogiei, pelo novo visual. Ela realmente estava linda. Brincamos e conversamos um pouco após isso. Ela me disse que estava passando mal, e eu lhe denominei grávida, de mim, logicamente. Foi assim que começou, meio que sem querer. Sem saber no que iria dar. Dias depois eu estava chamando-a de marida, pois tinha pedido-a em casamento. Afinal, eu seria pai. As coisas foram ficando cada vez mais sérias. Chegava em casa, mal comia, ligava o computador e a procurava. Era como se ela fosse a alegria do meu dia. Fomos falando em ficar, se encontrar, de brincadeira mesmo. Logo foi ficando mais sério, eu realmente a chamava pra sair, eu realmente queria conhece-la. O próximo passo foi chama-la de minha, e não demorou muito. Não tinhamos nos visto, nem nos conheciamos pessoalmente, mas eu ja estava completamente envolvida. Depois disso, a coisa realmente ficou mais séria. Pedidos de casamento, planos pro futuro, sonhos, promessas... Eu estava apaixonada. Isso tudo aconteceu em tão pouco tempo, chega até ser engraçado. Me pegava pensando nela, e sorrindo, sonhando acorcordada. Lembrando das nossas risadas. Estava tudo um mar de rosas, até que eu me furei em um de seus espinhos. A nossa primeira briga. Tinhamos marcado de sair, eu estava ansiosa. Até que eu recebo uma mensagem... " Amor, não vou poder ir. Meu pai me pegou no pc ontem de madrugada e surtou. E hoje de manhã a minha mãe disse que eu não iria mais. Desculpa.", foi como se eu tivesse levado um tapa na cara. Me decepcionei com ela. Fiquei triste, chateada, magoa. Mas o que eu sentia por ela, gritou mais alto e não me deixou ficar com rancor algum. Logo, nos acertamos. Tudo voltou a ser o que era, conversas de horas e horas, risadas, segredos. Além de conversarmos pelo msn, trocavamos mensagens, quase que o dia todo. Um grude. Até que eu ouvi sua voz pela primeira vez. Um sorriso bobo ficou em meu rosto durante horas a fio. Meu Deus, que voz linda. Doce... calma como a de um bebe. Quase tão linda quanto ela. Enfim, as tão sonhadas férias chegaram. Sonhadas, pois eu conversaria com ela muito mai, teria a chance de ve-la, beija-la... Só que na primeira semana da mesma, minha mãe descobriu que eu sou lésbica.
Meu mundo caiu. Não neguei, lhe disse que jamais deixaria de amar a Gabriela, e que nem ela nem ninguém iria destruir o que eu sentia por ela. Ela me disse coisas horriveis, por vez pensei em fugir de casa, sair desse inferno e ser feliz ao lado dela. Logo desencanei, percebi que não daria certo. Eu nunca pensei que a minha mãe preferisse a minha morte, do que me aceitar. Ela sente vergonha de mim. Isso dói. Tive que iludi-la pra conseguir ter uma vida normal, dentro da minha própria casa. Lhe disse que deixaria isso pra lá, que não falaria mais a Gabriela, que era só uma fase... Que tinha voltado a ser hétero. Jesus, como doeu mentir pra ela. Só o Senhor sabe o quanto. Por vez, tentei me afastar dela. Sem êxito. Entrava no msn e a via online, era impossível não falar com ela. Logo desisti dessa possibilidade. Continuamos a conversar, a nos amar. Certo dia, disse o que não devia. Brigamos. Pedi perdão, ela não aceitou. Senti que ali seria o fim. Essa foi praticamente a nossa primeira briga, nossa primeira desavença. Dias após, ela me desculpou. Tudo voltou ao normal. Só que uma pulguinha de duvida grudou em mim. As vezes ela vinha e me mordia, fazendo com que eu pensasse coisas, minha lingua coçava. E eu soltava... Hoje vejo que não havia necessidade de falar aquilo, não havia necessidade de sentir aquilo. Afinal ela me amava. Eu já havia feito muitas coisas pela Gabriela, enfrentei a minha mãe - por diversas vezes, praticamente todos os dias -, centenas de declarações, presentes, mimos e promessas. E então, eu achava que estava na hora deu receber alguma coisa. Alguma prova, por menor que fosse. - Infelizmente, eu não percebia. Mas ela me provava todos os dias. Simplesmente dizendo que me amava. Falando que eu era sua vida. Coisas simples, mas verdadeiras. Que eu, infelizmente fui burra em não perceber - Um nome, uma foto, uma frase. O que fosse.. eu sentia a necessidade de receber isso. Cobrei. E mais uma vez errei. Ela ficou furiosa comigo, brigamos novamente. Não foi uma briga simples, dessa vez a coisa foi um pouco mais séria. Ela não me perdoava de jeito nenhum. Ficamos brigadas durante duas semanas, que pra mim pareciam ser 2 anos. Até que no dia 3 de setembro, ela abrio conversa comigo e me mandou: " Eu sei que você é a mulher da minha vida, eu sei que é com você que eu quero passar os ultimos segundos de vida, é voce que eu quero do meu lado, sempre e sempre. Mas eu sinto que se nós ficarmos juntas agora, alguma coisa vai desgastar o nosso amor, como brigas por exemplo. Me desculpa, por favor, mas eu tô fazendo isso, para evitar que nosso amor acabe de uma forma dolorosa, é pra evitar que o nosso amor acabe, mesmo não estando contigo, eu não vou deixar de te amar, não mesmo. Mas namorar agora vai ser muito ruim, pq eu não tô pronta pra me assumir, e namorar escondido vai ser muito ruim, pq eu não vou poder te ver, eu não vou poder demonstrar o meu amor do jeito que eu quero... E eu também estou fazendo isso para não te criar problemas, tua mãe não aceita o fato da gente se amar, e eu não quero que exista brigas em sua casa por minha causa, eu não quero te causar problemas. Eu sei que vai doer em você, do mesmo jeito que tá doendo e mim, mas agora não dá para nós ficarmos juntas. Mas eu te PROMETO, que nós ainda vamos ser muito felizes no futuro, na nossa casinha no japão, com nosso filho, e que futuramente, NADA vai conseguir separar a gente, NADA mesmo... E mais uma vez, me desculpa, por favor :/ " . Senti meu mundo cair nesse momento. Sempre tive um enorme medo de perde-la. E isso estava acontecendo, por uma simples coisa que eu disse. Ainda me senti segura, pois ela disse no texto que no futuro, nós voltariamos, quem sabe. Mas uma dor invadia meu corpo. Quando eu conversava com ela, meu coração apertava. Sentia saudade. Até que 3 dias depois, ela me deletou do msn. Ela me disse que sentia mal em me ver desse jeito. E que era melhor a gente ficar sem se falar por um tempo. Aceitei, pois eu já estava pensando em fazer aquilo, mas não tinha coragem, pois a amava demais, precisa dela perto de mim. Conversavamos pelo fake as vezes, nossa ultima conversa foi no dia 13 de setembro. Depois disso ela sumiu do fake. E como eu não tinha mais ela no meu msn, a gente não conversava mais. Não me lembro ao certo à data, não sei e foi antes ou depois disso, mas uma amiga minha me questionou se eu tinha deletado a Gabriela do meu Orkut, e eu disse que não. Mas fiquei intrigada. Assim que entrei, procurei ela. Nada. Ela tinha me deletado. O motivo não me lembro. Mas isso de fato aconteceu. Pra mim o fim foi ai. A saudade não gritava mais dentro de mim, ela berrava. Já não aguentava mais. As minhas tardes, noites e manhãs já não eram mais as mesmas longe dela. Eram tristinhas, sem graça. Resolvi ligar pra ela. Ela não atendeu. Logo após me mandou mensagem dizendo que não podia atender. Tudo bem, a mãe dela podia estar perto. Mais tarde, liguei novamente. Ela me mandou outra mensagem dizendo que não podia atender, ela estava meio exaltada. Então, eu a questionei se a sua mãe ficava em seu pé o tempo todo. Pra ela essa foi a gota d'agua. Ela me disse pra mim ir embora, que ela estava cansada de tanta cobrança. Pedi desculpas, mas ela disse que não aguentava mais. Me mandou ir embora diversas vezes. Não desisti. Até que ela me mandou uma mensagem dizendo que tinha outra. Alias, que sempre teve. Gritei, gritei alto. Como se tivesse levado um tiro. A sensação foi a mesma. Naquele momento não fiquei magoada, não fiquei chateada, fiquei com ódio. A raiva me consumiu naquele momento. Eu tinha feito tanto por ela, e ela sempre teve outra ? Muito obrigada. Cheguei a gargalhar de tanta raiva que eu estava sentindo. A ficha não tinha caido ainda.. eu não tinha acreditado que ela tinha me deixado. Que era o fim. Não chorei. Não coloquei pra fora, de nenhuma forma. Nem mesmo escrevendo. Fiquei assim por um tempo. Muito tempo se for parar pra ver o tamanho do baque. O maximo que eu derramei foi uma lagrima. Duas, pra não exagerar. Eu não conseguia chorar, ela ficava presa em minha garganta. Essa magoa foi me consumindo aos poucos. Me matando por dentro. Quando fui ver, o tiro tinha afetado um orgão muito importante, um orgão vital. Havia sofrido uma hemorragia. Havia perdido muito sangue. A minha vida tinha acabado. Me entreguei o sofrimento, e me suicidei. Uma morte lenta e dolorosa. Que infelizmente não afetou só a mim. Afetou todos aqueles que realmente se importam comigo. Um mês se passou. Eu ainda me sentia morta, não tanto quanto antes. Havia ressuscitado de certa forma. A saudade voltou a berrar. Eu não tinha nenhuma noticia dela. NADA! Não sabia nem se ela ainda estava viva. As vezes me pegava lendo as nossas conversas. Doía tanto. Sentia tanta saudade. Cheguei ao meu limite. Adicionei ela novamente no msn, no fake, porque no meu não daria certo. Ela não me aceitaria. Quando vi que ela havia me aceitado, quase tive um infarto. Falei com ela, só que ela não me respondeu. Por um momento achei que ela tinha percebido que era eu. Pois assim que eu falei com ela, ela saio. Fiquei angustiada. No dia seguinte falei com ela novamente. Ela me respondeu. Nós conversamos. De começo me enchi de esperança, mas depois vi que não tinha jeito. Ela me disse que não me queria mais. Que não dava mais. Eu senti que ela ainda me amava, e a questionei. Ela me disse que só o amor não bastava. Ela negou meu pedido de volta. Mas eu não desanimei. Não desisti. Eu a conheço, sabia que ela era turrona assim, mas que no fim ela se soltaria e voltaria pra mim. Fiquei o dia todo angustiada, pensando nela. Pensando em como seria a nossa conversa. Entrei no msn, e lá estava ela. Não falei. Pois a minha mãe estava em casa, e eu tinha certeza que eu choraria. Eu estava com os dedos coçando, queria escrever algo pra ela. Logo seria seu aniversário, em menos de uma hora, então escrevi. Lhe entreguei no seu aniversário, 5 minutos depois, mas lhe entreguei. Ela me agradeceu pelos parabéns, e foi isso. Tive que cutuca-la pra ela dizer algo sobre o texto. Ela me disse que o que eu queria ouvir ela não podia me dizer. Lhe questionei por varias vezes o porque. Eu precisava de uma resposta. De uma explicação concreta, que me fizesse acreditar que ela realmente não queria mais nada comigo. Ela se irritou. Me disse mais de 20 vezes que não me queria mais. Pra mim desistir. Me disse que era o fim. Eu a questionei, sobre as coisas que ela me dizia. Sobre todo aquele amor que ela sentia. Sobre todas as promesas, e sonhos. Como aquilo tudo podia ser esquecido em um mês ? E então ela me disse que muita coisas que ela achava que não teriam fim, tiveram. E esse era o nosso. Não aguentei. Morri novamente. Me afoguei em minhas própias lagrimas. Tive que desistir. Não tinha jeito. Ela não me quer, e nunca vai querer. Ainda me questiono, como pude ser tão burra em deixar a minha vida ir embora ? Como pude deixar o meu bem mais precioso partir ? E eu que me achava tão crescida, fui infantil por diversas vezes. E essa infantilidade me tirou ela. Porquê ? Talvez um dia ela se arrependa de me deixar, talvez não. Pois eu fiz por merecer. Duvidei do amor dela. E hoje peço-lhe que volte pra mim, por causa dele. Mas não era eu que duvidava ? Como posso cobrar isso ? Eu tenho que juntar as minhas forças, recolher meus cacos. Juntar o que restou de mim, e me reconstruir. Sendo eu melhor ou não do que era. Não posso me deixar levar... E se ela talvez, decidir voltar pra mim ? Eu estarei morta ? Não. Estarei viva e com um sorriso no rosto lhe direi que o que me vier na telha. Não sei ao certo se eu voltaria. Ela é a mulher da minha vida... mas eu ja aprendi que as vezes temos que deixar as pessoas que amamos ir embora, pra elas seguirem o seu caminho. Se você realmente foi algo pra ela, ela vai voltar. Não importa quanto tempo passe. Ela volta. Esperarei por você minha pequena, te deixo ir embora hoje... mas te esperarei pra sempre. Me desculpe leitor, não sou forte o suficiente pra por um ponto final nessa história. Eu não consigo. Pra mim ainda não acabou. Apesar dela ter me dito coisas horriveis. Pra mim ela ainda será minha. Ainda poderei chama-la de bebe novamente. Quem sabe um dia...

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